Por Dr. Alcirley de Almeida
O projeto de lei aprovado recentemente não respeita a hierarquia das medidas eficazes contra a disseminação do coronavírus. Instituto americano de saúde e segurança ocupacional mostra que o distanciamento social é a medida mais eficaz, seguido por ventilação de ambientes, higienização das mãos e de superfícies tocadas frequentemente pelas pessoas e, por último, o uso de máscara.
A incoerência é que as autoridades políticas e sanitárias inverteram a ordem desta pirâmide. É evidente que a população entendeu que o uso de máscara oferece a proteção necessária para circular no comércio, nas ruas, no transporte público, táxis e aviões sem se contaminar. Isto não é verdade, pois o objetivo da máscara, principalmente a de pano, é diminuir a exalação de partículas geradas pela fala, espirro, tosse e não a de abolir o risco de inalação de micropartículas contendo o vírus, conforme as evidências científicas demonstram. Além disso, o próprio Ministério da Saúde orienta a população como se deve fazer uso de tal máscara, e se alguém tentar seguir as recomendações perceberá que é quase impossível o uso adequado, ou seja, além de não oferecer a proteção necessária pode aumentar o risco de contaminação. Logo, o uso de máscara quando usada e manejada de maneira adequada pode acrescentar benefício no enfrentamento da pandemia de COVID-19, mas não quando utilizada em detrimento das medidas comprovadamente eficazes.
Portanto, o grande EQUÍVOCO do uso obrigatório de máscara em ambiente público é que a sua pequena, mas possível eficácia, se perde quando o indivíduo se sente encorajado a circular livremente e quando as autoridades não levam em consideração a hierarquia das medidas de prevenção. Por fim, fica a pergunta: até quando os brasileiros sofrerão por causa da infinita inversão de valores neste país?
O autor é Especialista em Cardiologia, com Proeficiência em arritmia clínica pela SOBRAC, Professor da Faculdade de Medicina – UNIOESTE e integra o Corpo Clínico da Pró Cardio Cascavel (CRM/PR 21.511)